- 11 de setembro de 2024
Apoio por cargos
BRASÍLIA - Alvo de duras críticas de alguns dos principais caciques do PR, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, intensificou nos últimos dias a articulação para angariar apoios no seu próprio partido, até os depoimentos que fará na Câmara dos Deputados e no Senado, provavelmente na próxima semana. Mas o apoio do PR ao governo depende da oferta de novos cargos que compensem as perdas que o partido sofreu com a faxina feita pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes .
Paulo Sérgio Passos recebeu na quinta-feira os senadores Clésio Andrade (PR-MG) e Magno Malta (PR-ES) e o deputado Jaime Martins (PR-MG) para audiências, nas quais reafirmou a disposição de trabalhar com o PR, ao qual é filiado.
De acordo com o senador Clésio Andrade, o ministro dos Transportes manifestou concordância com a possibilidade de haver indicações políticas para preencher as superintendências do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) nos estados, desde que, no entanto, os indicados tenham capacidade técnica.
- A presidente Dilma precisa colocar o PR mais para dentro do governo. Essa é uma forma de atender o partido - disse o senador Clésio Andrade, ontem.
A lógica do PR é a seguinte: como o partido perdeu postos-chave no Dnit, na Valec e no Ministério dos Transportes, a presidente Dilma teria que compensar essas perdas oferecendo postos em outros ministérios, em Brasília ou nos estados, uma vez que o partido continua na base aliada.
- Atendendo o PR, o governo mostrará que o partido não está sendo expulso - afirmou Clésio Andrade.
Perguntado se essa estratégia não se choca com a recente decisão do PR de declarar independência do bloco do governo no Senado, o senador afirmou que a independência não significa que o PR não seguirá votando com o governo. Apenas terá mais independência para assumir posição diversa em casos específicos, a partir de uma avaliação do seu próprio líder.
Clésio Andrade citou como exemplo a recente votação do Código Florestal, em que a base do governo ficou dividida.
Em relação ao depoimento de Paulo Sérgio Passos no Congresso, Clésio Andrade disse que a tendência de apoio ao ministro foi reforçada nos últimos dias, e até alguns líderes mais reticentes estariam mudando de posição. Passos entrou no lugar de Alfredo Nascimento (PR) após as denúncias nos Transportes , mas até hoje não é tido por boa parte do PR como sendo representante fiel do partido.
- Há uma disposição do partido de recebê-lo bem - disse o senador Clésio Andrade.
O depoimento de Paulo Sérgio Passos no Senado está pré-agendado para esta quinta-feira, dia 11, mas segundo Clésio Andrade o ministro teria manifestado a vontade de transferi-lo para o dia 18, após sua ida à Câmara, que está marcada para o dia 17. A justificativa é que o convite a Passos foi aprovado primeiro na Câmara e só depois no Senado.